Olavo de Carvalho aprova demissão de Ricardo Vélez: ‘Conseguiram trocar um pseudo olavete por um verdadeiro olavete’

Por Gshow — Rio de Janeiro

Pedro Bial conversou com Olavo de Carvalho nos Estados Unidos — Foto: TV Globo

Olavo de Carvalho recebeu Pedro Bial em sua casa na Virginia, nos Estados Unidos, para uma conversa direta, sem rodeios, como lhe é característico. Entre outros assuntos, o guru intelectual do governo Jair Bolsonarocomentou a recente troca de ministros na Educação, após a demissão de Ricardo Vélez Rodriguéz, uma de suas indicações para a composição do ministério. Em seu lugar, foi nomeado Abraham Weintraub.

“O Vélez caiu na conversa daquele ministro que eu chamo de ‘coronel croquete’, que botou um monte de ideia na cabeça dele e criou um rolo.”

Olavo de Carvalho aprova demissão de Ricardo Vélez

Olavo reiterou que Weintraub, ao contrário de Vélez, estudou suas obras em profundidade.

“O que eles conseguiram foi trocar um pseudo olavete por um verdadeiro olavete.”

A relação com os militares que cercam a presidência, a suposta doutrinação nas escolas e sua relação pessoal com o presidente foram outros temas que fizeram parte da entrevista, gravada no dia 31 de março e atualizada, por videoconferência, na tarde desta quarta-feira, 10/4, dia de exibição do programa. Olavo, aliás, deu o seu ponto de vista sobre a natureza da deposição do então presidente João Goulart.

“Toda essa discussão está fora de lugar, dos dois lados. Quem declarou a presidência vacante foi o Senado. Houve um golpe militar contra os que haviam derrubado o João Goulart, não contra o Joao Goulart”, coloca.

Indicação para ministérios

Próximo a Bolsonaro, Olavo de Carvalho detalhou como se deu a indicação de dois nomes para compor o quadro ministerial original do atual presidente: o do agora ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez; e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

“O Bolsonaro me ofereceu o Ministério da Educação ou o Ministério da Cultura. Eu rejeitei e achei que era uma questão de educação sugerir alguém. São até pessoas que eu não conheço muito bem”.

O filósofo elogiou Ernesto Araújo:

“O Ernesto que articulou todas essas viagens (internacionais do presidente) que são um sucesso extraordinário”.

Bolsonaro e conservadorismo

Durante a conversa, Olavo lembrou uma previsão antiga. “Há 20 anos, eu dizia: ‘o primeiro sujeito que se apresentar candidato a presidente com um programa ostensivamente conservador, vence. Porque a população brasileira é conservadora”

“Ele foi escolhido candidato pelo povo e foi eleito em seguida pelo povo. Primeira vez que isso acontece na história”.

Em outro momento, o presidente foi particularmente avaliado pelo professor.

“O Bolsonaro é uma pessoa sincera, uma pessoa simples. Eu gosto dele precisamente por isso. Não pelas ideias políticas dele que eu nem sei direito quais são, ninguém sabe”.

O escritor lembra que não faz parte do governo e garante que Jair Bolsonaro pode confiar em sua amizade. Durante a entrevista, chegou a sugerir que Carlos, Flávio e Eduardo sejam nomeados ministros. E insistiu em um conselho que ainda não foi atendido:

“Tem um que eu tenho dado insistentemente. ‘Presidente, fale em rede nacional de televisão`. Porque a base fundamental de apoio ao Bolsonaro é o povão que votou nele. (…) As lives de quinta-feira atingem no máximo 100 mil pessoas. Um terço da população brasileira não tem internet”.

No ‘Conversa com Bial’, Olavo de Carvalho diz que Bolsonaro é uma pessoa sincera — Foto: TV Globo

Relação com os militares

Em destaque na mídia pelos desentendimentos com parte da ala militar do governo, Olavo de Carvalho afirma que historicamente é um defensor da honra das Forças Armadas e diz que “ninguém fez tanto pela restauração da boa imagem das Forças Armadas quanto ele”, o que lhe dá autoridade sobre o assunto.

“De repente, um general ganha um cargo de ministro e quer bancar o gostosão para cima de mim. Então, eu pergunto: ‘General Santos Cruz, quantas vezes você saiu em público para defender a honra das Forças Armadas?’ Nenhuma. ‘Eu cumpri o que era a sua obrigação e agora você vem passar pito em mim. Por favor, você não se enxerga'”.

A relação do guru do presidente com Hamilton Mourão, vice-presidente da república, também foi alvo de questionamento, depois de uma troca de farpas pública.

“Ele parou com aquelas besteiras. Aprendeu comigo. Ele leu as coisas e, por dentro, ele disse: ‘Esse cara tem razão, vou mudar o discurso’. Agora, por fora, continua bancando o gostosão”.

Apesar das divergências, Olavo de Carvalho garante que não deve influenciar na relação entre as partes do atual governo.

“Eu não vou querer jogar o presidente contra as Forças Armadas. Ele tem uma visão idealizada que eu acho que não é muito certa. A explicação que ele dá de 1964: que as Forças Armadas nos livraram do comunismo, pelo contrário. Os líderes civis nos livraram do comunismo”.

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