MDB busca saída honrosa para ficar

Themístocles Filho e Wellington Dias

 

O MDB do Piauí fez um pacto de silêncio no final de semana, depois do estresse vivido pelo partido após a reviravolta na composição da chapa majoritária governista. Amanhã ou terça-feira a sigla anuncia oficialmente a sua posição para o novo cenário.

O governador Wellington Dias puxou o tapete do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Themístocles Filho, que queria ser candidato a vice-governador, mas não deixou o MDB abandonado à própria sorte.

Incontinenti, o governador ofereceu a segunda vaga de candidato a senador em seu palanque para o presidente regional do partido, deputado federal Marcelo Castro. Uma estratégia sua para assegurar o apoio da sigla à chapa pura do PT, formada por ele e pela senadora Regina Sousa, como vice.

Aliado fiel

O MDB não quer faltar com a solidariedade ao deputado Themístocles Filho. O partido viu o esforço do presidente da Assembleia para se firmar como vice. Ele enfrentou de peito aberto na Casa todas as tempestades para aprovar os projetos de interesse do governador.

Em muitos momentos, de tanto quebrar lança, Themístocles se comportou mais como um líder do governo do que propriamente como chefe de um Poder.

Assim, ajudou a aprovar empréstimos, aumento de impostos, reforma na Previdência estadual e outras matérias impopulares.

Tradição quebrada

Além dos trunfos políticos e pessoais do deputado Themístocles Filho para figurar como candidato a vice-governador, existia ainda uma tradição a referendar a sua postulação. É a de o vice-governador sair da Assembleia.

Foi de lá que Wellington tirou Wilson Martins em 2006; que Wilson tirou Zé Filho em 2010; e que Wellington tirou Margarete Coelho em 2014.

Wellington anuncia Regina Sousa na vice

Pragmatismo

Apesar de tudo isso, o MDB tem o seu lado pragmático. É o que predomina no partido. Por isso, não quer perder a chance de reeleger a sua bancada e até de conquistar novos o na política estadual.

A chapa pura do PT para deputado estadual foi uma cláusula que, agora se confirma, saiu da cabeça do governador para fortalecê-lo nas negociações para formação da chapa majoritária.

Ela cai agora, junto com a candidatura de Themístocles a vice, e isso facilita enormemente a vida dos emedebistas.

Além do mais, com a candidatura de Marcelo Castro ao Senado, o deputado estadual Severo Neto deixa de concorrer à reeleição para buscar uma cadeira na Câmara Federal. E seus colégios passam às mãos dos candidatos do MDB à Assembleia Legislativa.

Pau da barraca

Calejado em muitas disputas políticas, colecionado vitórias e derrotas, o presidente da Assembleia sabe ganhar e, sobretudo, também sabe perder. Então, dificilmente ele vai chutar o pau da barraca. Sua reeleição para a Assembleia é tranquila.

Com espírito partidário, ele não iria contribuir para o sacrifício pessoal dos companheiros que acreditaram em sua candidatura a vice-governador e brigaram por ela até o fim.

O prêmio de consolação que se coloca à sua frente é a candidatura de seu filho Marco Aurélio para a Câmara dos Deputados.

Assim, Themístocles tem a possibilidade de recuperar em Brasília, com o apoio do governo, uma cadeira que já foi de seu pai e também de seu irmão Marlos Sampaio.

 

Deputado Marcelo Castro: na vez para o Senado

 

A arte de engolir sapo

Desde que aderiu ao Wellington Dias, o MDB ocupa posições no governo. Aliás, o governador inchou a máquina administrativa, com a criação de novos cargos, para atender ao partido.

Todos no MDB sabem que a política é a arte de engolir sapo. Essa puxada de tapete – a negativa da vaga de vice – vai ser apenas mais um cururu que descerá goela abaixo. A vida segue.

Quando os emedebistas correram para os braços do governador, em 2016, alegaram que estavam tomando aquela decisão em nome da governabilidade.

Portanto, é descabido imaginar que o partido vá romper com o governo em função desse traumático e vexatório episódio da semana passada. O MDB é de aderir, não de romper.

O pacto de silêncio a que o partido se impôs é apenas uma estratégia para serenar os ânimos, colocar curativos nas feridas e ganhar tempo em busca de uma saída honrosa para ficar.

cidadeverde.com/coluna do Zózimo Tavares

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