Líder do PCC e mais 21 integrantes de facção são transferidos para presídios federais

Marcos Camacho, o Marcola, deixa a penitenciária estadual de Presidente Venceslau nesta quarta-feira.

SÃO PAULO – Uma operação policial foi montada nesta quarta-feira para transferir para umpresídio federal Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola , apontado como líder do Primeiro Comando da Capital ( PCC ), principal facção criminosa do estado de São Paulo. Outros 21 presos ligados ao grupo criminoso também devem deixar penitenciárias paulistas ainda hoje com destino a cadeias federais.

Até então, Marcola estava na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, onde também ficam presas algumas das lideranças mais perigosas do PCC. A transferência foi autorizada pela Justiça de São Paulo, atendendo a pedido feito pelo Ministério Público.

— Estão sendo transferidos 15 presos que estavam na P-2 de Presidente Venceslau e sete presos que estavam no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) — afirmou ao GLOBO o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), um dos principais investigadores do grupo criminoso.

Um forte esquema de segurança foi montado por forças policiais do estado e da União para fazer o transporte. Marcola sairia de Presidente Venceslau em um coboio, em direção ao aeroporto de Presidente Prudente, onde embarcaria num avião das Forças Aéreas Brasileiras (FAB). A distância entre as duas cidades é de pouco mais de 60 quilômetros.

O destino dos presos do PCC não foi revelado por questões de segurança, mas a previsão é que eles sejam enviados a pelo menos três unidades federais diferentes: Brasília, Mossoró e Porto Velho.

Em nota, o Ministério da Justiça informou que essa operação é a primeira ação realizada com a participação da Secretaria de Operações Integradas e que o “isolamento de lideranças é estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas”.

A transferência dos chefes da facção paulista vem sendo discutida desde o final do ano passado, quando os serviços de inteligência descobriram um plano para resgatar criminosos em Presidente Venceslau . Na época, o governador Márcio França (PSB) se posicionou contra a medida.

Como reação à possibilidade de resgate dos presos, o governo paulista reforçou a segurança em Presidente Venceslau, uma cidade de cerca de 40 mil habitantes no Oeste do estado. O aeroporto do município ficou fechado por 30 dias por determinação da Justiça.

Durante a campanha e os primeiros dias de governo, João Doria (PSDB) se comprometeu a ter uma postura mais dura em relação aos criminosos, em uma tentativa de se alinhar a medidas propostas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

O principal temor de quem era contra a tranferência dos presos era a possibilidade de rebelições dentro dos presídios e ações criminosas nas ruas, como já aconteceu no passado. Nos presídios federais, as regras são mais rígidas.

Em 2001, detentos de 29 penitenciárias iniciaram uma megarrebelião sob a coordenação do PCC. Em 2006, a intenção de remover 765 presos para prevenir outro grande motim deflagrou uma onda de violência no estado. Edifícios públicos e privados foram depredados e destruídos. Ônibus foram incendiados e 439 pessoas foram assassinadas com armas de fogo, entre civis e agentes públicos.

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