Ciro Gomes luta contra seus pecados

Ciro Gomes: ex-ministro é oficializado como candidato à Presidência em meio a muitas desconfianças sobre seu comportamento

 

Ciro Gomes (PDT) entrou na campanha presidencial, ainda no ano passado, sem inspirar muitas esperanças, tampouco confiança. Há uns dois meses, à falta de um nome consistente à esquerda, fez que atraísse atenção de importantes segmentos políticos. Desempenho razoável nas pesquisas parecia reforçar essa atenção e chegou-se a pensar que era “o cara”. Ao ser ungido à condição oficial de candidato, ontem, na convenção do PDT, Ciro volta quase ao estágio inicial, inspirando mais dúvidas que certezas.

Um bom tradutor da situação de Ciro é o esforço desmedido que fez nas últimas semanas para conseguir apoios relevantes no Centro do espectro ideológico. Tentava especialmente o apoio em bloco do chamado “Centrão”, grupo de 7 partidos que tem muito poder no Congresso e capacidade de carrear votos nos estados. Tinha padrinhos fortes, como Ciro Nogueira (Progressista), Rodrigo Maia (DEM) e Paulinho da Força (Solidariedade). Ao que parece, não adiantou. Os adversários eram mais.

Ciro chegou à convenção do PDT com a informação de que o Centrão estava se encaminhando para a apoiar Geraldo Alckmin. Se deixou os pedetistas atônitos, não deve espantar a tantos: Ciro Gomes plantou destemperamento ao longo de sua trajetória e agora colhe desconfianças.

Fica difícil acreditar em um presidente que briga com manifestantes que o vaiam ou que manda às favas autoridades que não rezam na sua cartilha. Quando começa a reta final da campanha, Ciro briga contra os demônios que criou ao longo de décadas. Paga os pecados que cometeu.

A eleição que Ciro jogou fora

As desconfianças sobre Ciro Gomes são antigas. Mas têm um capítulo especial na eleição de 2002. Naquele ano, ele cresceu nas pesquisas e chegou a ameaçar a liderança de Lula. Nas primeiras semanas de agosto, muito já o viam como a opção das forças de centro-direita, em lugar de José Serra (PSDB). Mas Ciro jogou a caça no mato.

Ainda em agosto, ele xingou ouvinte de rádio, retrucou de forma grosserias interlocutores de todos os tipos e completou as destemperanças e frases infelizes com uma resposta sobre sua então mulher, Patrícia Pilar. Ao seu indagado qual o papel da atriz em um eventual governo Ciro, ele disse simplesmente uma frase: “Dormir com o presidente”.

Ganhou a antipatia das mulheres, que se somou às desconfianças de boa parte das lideranças estarrecidas com a falta de prumo de um potencial presidente. Agora, todo esse histórico volta à lembrança, e reforçado por novas destemperanças do candidato do PDT.

 

cidadeverde.com/ Fenelon Rocha

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