As regras eleitorais só fortalecem os fortes

Moreira Franco: cúpula do MDB vai controlar Fundo Eleitoral e não deve sobrar um centavo para o presidenciável Henrique Meireles

 

Como quem anuncia uma grande decisão estratégica, o ministro das Minas e Energia, Moreira Franco, disse ontem que o MDB vai destinar recursos do Fundo Eleitoral prioritariamente para os candidatos do partido que tenham efetivas condições competitivas. A fala do ministro mostra o quanto o Fundo Partidário é mais um instrumento para fortalecer os que já são fortes.

Aliás, as regras eleitorais das últimas eleições têm cuidado em “ciscar para dentro”. Isto é: são regras que beneficiam os que já estão no jogo, prejudicando seriamente os novatos e, assim, a possibilidade de mudança. Mas possivelmente nenhuma outra regra foi tão camarada com os que “já estão aí” como as deste ano, aprovadas na mixuruca reforma política do ano passado. Tudo beneficia quem já está na elite política.

O encurtamento da campanha ajuda quem tem cargo e, portanto, visibilidade e recurso. Também o menor tempo de propaganda no rádio e TV prejudica quem já não é estrela. Por exemplo: quem disputa a reeleição – seja nos cargos de Executivo ou de Legislativo – levam séria vantagem. Para completar, tem o generoso Fundo Partidário, inteiramente controlado pelos caciques que já chefiam os partidos.

A Justiça Eleitoral até estabeleceu uma cota do Fundo para as mulheres. Reduz um pouco esse controle quase absoluto, mas não encerra com o essencial: a grana do Fundo fica na mão de poucos, que destinam os recursos para quem bem entendem, ou quase. A fala do ministro Moreia Franco é bem uma revelação disso.

Vale lembrar, esse Fundo – criado pela tal reforma eleitoral que definiu as regras para este ano – soma R$ 1,7 bilhão. Dinheiro público, rateado conforme a força dos partidos no Congresso. O MDB, por exemplo, terá uma fatia de R$ 234 milhões. É muita grana, que a cúpula do partido vai destinar a seus preferidos.

E, assim como o MDB, todas as demais siglas farão o rateio como bem entender. Foi com base nessa grana que muitos partidos incharam, às véspera do fim do prazo da janela de transferência.

Meireles está fora do jogo

A fala do ministro Moreira Franco sobre a fatia do Fundo Eleitoral que cabe ao MDB revela muito mais que o poder da cúpula partidária em definir como quer o rumo dessa dinheirama. Revela também que o MDB não aposta um centavo em Henrique Meireles, o pré-candidato da sigla à Presidência.

Ao falar que o MDB investiria nos candidatos viáveis, o ministro foi indagado se alguma parte do Fundo iria para a campanha de Meireles. A resposta de Moreira foi um rotundo “não”. Nem uma banda… E acrescentou: Meireles pode fazer sua campanha com seu próprio dinheiro.

A fala de Moreira Franco é um claro “te vira”. Ou, se preferir, um sonoro “não mexa no meu queijo”. Ou ainda um “vai catar coquinho”.

cidadeverde.com/Fenelon Rocha

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