Análise: resposta de Dudu em nova função é a melhor notícia de noite “fria” na arena do Palmeiras

Por Diego Ribeiro — São Paulo

A análise deste Palmeiras x Junior Barranquilla não pode deixar de considerar o ataque covarde de alguns (poucos) torcedores alviverdes ao ônibus da delegação que chegava à arena para o jogo desta quarta-feira, pela Copa Libertadores.

Palmeiras está praticamente classificado às oitavas de final do torneio sul-americano depois da boa vitória por 3 a 0 sobre os colombianos, mas sai marcado pela violência de vândalos que optaram por apedrejar o time após uma eliminação normal no Campeonato Paulista, nos pênaltis, para um grande rival. E apenas quatro meses depois de um incontestável título brasileiro.

A noite que era para ser de recuperação, então, tornou-se mais tensa do que o esperado. Foi uma noite estranha, em que a arena recebeu menos de 30 mil pagantes – longe do ideal para um jogo de Libertadores.

Dudu comemora gol com grito, quase um desabafo, após ataque sofrido pelo Palmeiras — Foto: Marcos Ribolli

Fosse uma partida normal, Dudu sairia ovacionado, com o nome gritado pela torcida, dando entrevistas e comemorando sua pronta resposta em campo dias depois de ter sido questionado por não bater um pênalti sequer na disputa com o São Paulo.

Dudu, o camisa 7 que simboliza o Palmeiras campeão das últimas temporadas, fez um golaço e participou dos outros dois, um deles em belíssima assistência de calcanhar para Hyoran. Em nova função, jogando por dentro, e não aberto pela esquerda, ele foi a melhor notícia de uma equipe que jogou para o gasto, sem forçar o ritmo, até pelo trauma que teve horas antes.

Espetacular! Dudu fez linda jogada no meio de campo, lançou para Felipe Pires, que deixou na medida para Scarpa. O goleiro fez grande defesa, aos 34′ do 2T

O elenco do Palmeiras chegou sério à arena, com expressão fechada e sem falar com os jornalistas – silêncio que se manteve também na saída, após a vitória. Mais do que dar espetáculo ou agradar à torcida, os jogadores pareciam mordidos e focados apenas em fazer o serviço dentro de campo.

Ficou evidenciado no gol de Deyverson, logo no início. Normalmente irreverente, o centroavante buscou os companheiros, abraçou Felipão e comemorou com o grupo. Sem sorrisos.

Comemoração do gol de Deyverson: nenhum sorriso, e foco no jogo — Foto: Renato Pizutto/BP Filmes

Aos poucos, o Palmeiras se soltou graças a Dudu. Com Zé Rafael e Gustavo Scarpa abertos na direita e esquerda, respectivamente, o atacante teve liberdade para criar, buscar jogo e deixar os companheiros na cara do gol. A movimentação dos três no ataque dificultou a vida do Junior Barranquilla, que já oferecia pouca resistência.

O segundo gol, marcado pelo camisa 7, já mostrou uma comemoração mais alegre, com abraços mais efusivos e expressões menos tensas. O terceiro, o do calcanhar para Hyoran, foi o alento de que o grupo precisava para ficar mais leve.

Meias do Palmeiras se movimentam mais em vitória sobre Junior Barranquilla — Foto: GloboEsporte.com

Apesar dos 3 a 0, foi uma apresentação fria, compreensível diante dos fatos pré-jogo. Ainda assim, há de ressaltar a mudança promovida por Felipão, que pode ganhar corpo nos próximos jogos. Ricardo Goulart não foi titular – é um jogador mais de força, presença física, do que de velocidade na transição. Com Zé Rafael e Scarpa, dinâmicos e talentosos, o Palmeiras pode ter uma alternativa.

Tempo para treinar e refletir, há. O próximo jogo do Verdão é só no dia 25 de abril, contra o Melgar, no Peru (um empate garante vaga nas oitavas de final). Mais do que os treinamentos, o período longe dos holofotes vai servir para unir um Palmeiras machucado por membros de sua própria torcida. Estes, especificamente, não merecem o time para o qual torcem.

globoesportes.com

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